Rastreabilidade de alimentos

Salvo os portadores de mutações genéticas, todos nós temos impressão digital! Foto: imageafter.com
Isso. Nada muito diferente da gente! Você tem nome, certo? Tem registro, telefone, endereço… Os alimentos também! A diferença é que, no nosso caso, já nascemos com a digital (prova irrefutável da nossa unicidade) que facilita todo o processo.
Afinal, “Marianas” são muitas (381.778 de acordo com o site do IBGE) e, talvez, até exista outra Mariana Bontempo Adaid nesse “Brasil de meu Deus”. Mas com as linhas dos meus dedos consigo provar que eu sou eu!
De tão precisa e eficaz, essa marca natural serviu de inspiração para muitas invenções. Quem não conhece o famoso código de barras? A representação visual de uma sequência numérica é usada pelo ramo alimentício desde a década de 70.
Detalhe curioso (pra quem adora conhecer a origem das coisas): esse desenho tão simples (e complexo!) foi criado a partir da combinação de duas tecnologias existentes: o código Morse a as bandas sonoras dos filmes. Dá pra acreditar? Genial, né!

Código de barras: bastante popular! Foto: elpnow.com
Mas a genialidade, no entanto, era somente à serviço da logística desse mercado de alimentos. Para nós, consumidores, ter ou não essas barrinhas nos produtos pouco importava. E foi assim durante muitos anos.
Até o dia que o uso da internet ultrapassou os limites da academia e o acesso a ela se tornou mais democrático. Milhões de pessoas passaram a ter um celular plugado à rede mundial de computadores e diversos programas para esse novo “brinquedinho” foram inventados.
Um destes aplicativos foi o leitor de código de barras que, agora, não tem mais só a função de catalogar produtos da indústria. Ele também nos permite conhecer a origem do alimento que está sendo vendido pelo ramo alimentício.
“Detalhe” que, até hoje, pode ter passado despercebido por você mas que está lá, no rótulo de praticamente todos os itens que você comprou ontem no supermercado!

Foto: espacoorganicoenatural.com.br
Claro, nem tudo são flores. Atualmente só as grandes redes são capazes de nos prestar esse serviço com eficiência. No Brasil, então, somente os hipermercados Carrefour (na opção rastreie seu produto) e o Walmart disponibilizam informações sobre os produtos comercializados por eles.
Para tanto, basta instalar um programa de leitura de código no seu smartphone, acessar o aplicativo, enquadrar as barrinhas na tela e obter, automaticamente o bar code informado pelo programa (uma sequência numérica enorme).

Rastreando seu produto no site do Carrefour.
Aí é só acessar os sites do Carrefour (na opção rastreie seu produto) ou do Walmart, digitar esse número no local indicado pelos sites dos dois supermercados e descobrir a ficha completa do que você está levando pra casa!
Para os produtos não comprados em uma dessas duas redes o leitor até funciona (vai informar o código numérico – que não será identificado nem pelo Carrefour e nem pelo Walmart – sim, eu testei!) mas não serve pra nada porque vai te direcionar, apenas, para sites de venda, que informam o básico. E o básico você já tem no rótulo, né?

Rastreando seu produto no site do Walmart.
Mas já tem rótulo trazendo outra marca, bem mais interessante que as linhas de espessuras diversas… Na verdade, ela é o aperfeiçoamento do código de barras e não é só o nome que é mais pomposo… Já adivinhou? Estamos falando do QR Code, o símbolo que, literalmente, redesenhou nosso conceito de consumidor!
O QR Code é a evolução do código de barras e foi desenvolvido por japoneses. O termo QR deriva de Quick Response, que, em inglês, significa resposta rápida. Tão veloz quanto a multiplicação da funcionalidade desses quadradinhos.
Aquela figura esquisita, formada por quadrados e pontos, é “lida” pelo aplicativo e convertida em um texto, um link, uma imagem, um e-mail, um site…

O QR Code pode estar relacionado à qualquer informação. Basta decodificá-lo! Foto: cartilha rastreabilidade Sebrae.
Tudo vai depender da vontade do criador do código, e este pode ser qualquer um, até você! Isso, gerar um QR Code é bem simples!
Basta acessar um site gerador de código (eu só uso o br.qr-code generator.com), selecionar a opção do que deverá conter no símbolo e mandar gerar a imagem (que fica pronta na hora). Aí é só enviá-la, imprimi-la ou colocá-la numa arte virtual…

E essa informação “a mais” faz toda a diferença! Primeiro porque complementa a mensagem e, depois, porque é transmitida sem o comprometimento visual do recado (que, nesse caso, é a frase em si).
Claro, como toda tecnologia, o sistema custa caro e ainda não é disponibilizado por todos os vendedores de produtos alimentícios. Na verdade, nos últimos anos, o QR Code tem sido muito usado mesmo ações de marketing e comunicação.
Mas esse cenário está mudando e a tecnologia de rastreabilidade dos alimentos, aos poucos, começa a incorporar o QR Code nos rótulos.


Carne vendida pelo Carrefour: código de barras e QR Code! Foto: beefpoint.com.br
Mas por que mesmo isso é tão importante? Porque é a forma mais segura de você, consumidor, ter a ficha completa de tudo o que está ingerindo! E segurança alimentar é saúde! E saúde é qualidade de vida!

Campanha “De Onde Vem?” do IDEC pela rastrealibidade dos alimentos!

Arte adaptada do site: paripassu.com.br
É assustador (e quase impensável nos dias de hoje) mas, de acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra, publicados em janeiro desse ano, a utilização de mão de obra escrava na pecuária e no extrativismo vegetal só perde para a construção civil.

Com a decodificação do QR Code dá para saber se o alimento é seguro ou não. Foto: saude.pr.gov.br
Isso porque, a partir das informações (normalmente desprezadas no rótulo) de manuseio, transporte e armazenamento, fica mais fácil descobrir uma possível contaminação cruzada ocorrida em um lote específico de um produto durante esse longo trajeto do campo à mesa.
Lembrando que, especificamente em relação às possíveis substâncias alergênicas, a ANVISA determinou também que, a partir de julho desse ano, a indústria alimentícia deverá identificá-las nos rótulos de todos os produtos industrializados.

Foto: portaldoagronegocio.com.br
Assim, o consumidor terá a certeza de que esse alimento não irá oferecer riscos à sua saúde. Uma garantia que, infelizmente, ainda não vale pra tudo!
Apesar das maravilhas proporcionadas pelo uso do QR Code, informar a origem e o caminho percorrido pelos alimentos até o supermercado ainda não é obrigatório no Brasil.

Foto: paranacooperativo.coop.br
Mas a intenção de tornar a prática uma lei já é realidade. Tanto que, em outubro de 2013, por meio de uma portaria, a ANVISA criou o Grupo de Trabalho sobre Rastreabilidade. O objetivo inicial da ação é monitorar o uso de agrotóxicos, mas já é um avanço, não é mesmo?
E outra boa notícia: se você ainda não sabe o que está comendo, pelo menos os grandes varejistas de alimentos já sabem o que estão comprando!

Programa desenvolvido pela Associação Brasileira de Supermercados. Foto: agrosoft.org.br
O RAMA foi desenvolvido em 2013 pela Associação Brasileira de Supermercados, a ABRAS e, em apenas 2 anos de implantação do projeto, 31 redes já escolhem “a dedo” o que será colocado seu no carrinho!

Arte da tabela: idec.org.br
Isso porque estamos cobrando! E as iniciativas também começaram a ser implementadas no campo. Cada vez mais produtores rurais estão apostando na tecnologia e “enxergando” o QR Code como um diferencial!

QR Code: do campo para o seu celular… Foto: fapesc.sc.gov.br

QR Code: infinitas possibilidades! Foto: cidasc.gov.br